Um convite ao desapego
Desapegar de roupas usadas já é difícil, imagina desapegar de padrões mentais, crenças e opiniões?
Formamos padrões mentais através das nossas observações do mundo que nos cerca somado à uma bagagem histórica e familiar. E muitas vezes é muito confortável seguir uma linha de pensamentos que já está pronta, dá uma sensação de segurança e pertencimento.
Mas a história do mundo segue em frente, quem não acompanha a evolução fica perdido entre o apego ao que já não cabe mais e o receio do que ainda há por vir. O desconhecido assusta, o novo dá tanto medo que faz com que nos agarremos ao velho conhecido, mesmo que este já não tenha mais sentido nenhum.

O momento pede mudanças, f l e x i b i l i d a d e mental, quebrar os velhos padrões da nossa mente e ampliar a visão sobre as possibilidades. O treino é não se identificar com sua primeira opinião, buscar uma segunda visão sobre todas as situações, fazer o ator/atriz e se colocar no contexto dos outros, tentando sentir o que sentem, explorando as possibilidades de ação em cada momento.
Não é nada fácil, mas acho que é um dos grandes desafios do ser humano: usar toda nossa potência e capacidade mental para a prosperidade da nossa própria espécie e do ambiente que habitamos.
Estamos vivendo a revolução tecnológica e ainda nos adaptando a esta nova hiper velocidade de trocas de informações, acesso às diferentes culturas e conexão; e isso por si só já expande a consciência. Esta fase de transformação que estamos vivendo parece só caos, mas é a partir do caos que vamos construir novas formas de nos relacionar.
Não é à toa que escrevo isso agora; minhas reflexões giram em torno do caos político que estamos, da crise ética generalizada e das transformações que precisamos encabeçar. É a velha forma de fazer política (que já não cabe mais) versus o novo, o desconhecido, o que ainda há por vir.
Claro que temos muitas feridas para cicatrizar, e algumas feridas que ainda nem foram abertas. Mas ficar apegado a velhos padrões e opiniões só vai atrasar a nossa própria evolução e nos deixar presos num período traumático demais.
O clima de competição e rivalidade também nos atrasa e não permite que avistemos o futuro que podemos cocriar. Essa tensão parece uma armadilha para nos mantermos apegados aos velhos hábitos mentais.
É preciso que consigamos dialogar para construir o futuro, mas o apego às opiniões não permite que essa troca aconteça. Como podemos exigir mudanças de comportamentos dos outros se nós também não nos colocamos à disposição dessa mudança?
Transcender essa polaridade e apego é colocar energia onde realmente importa, na construção do novo.
Para além das ideias de certo e errado, existe um campo.
Eu me encontrarei com você lá. Rumi