Vamos começar pela não-violência?
Quero falar sobre um aspecto do yoga que não é muito conhecido para o público leigo, as condutas éticas. E afinal, por que a galera se apaixona de forma tão profunda por essa prática que parece só contorcer o corpo?
Na prática de yoga utilizamos nosso corpo físico para acessar camadas mais sutis. Sob a ótica integralista trabalhamos corpo, mente e energia, em conjunto, num profundo trabalho de autoconhecimento.

Conhecer as condutas éticas é essencial para aqueles que querem de fato colocar em prática a filosofia do yoga. Tem bastante material teórico sobre os yamas e niyamas, os preceitos éticos, mas colocá-los em prática pode ser o gatilho para começar a auto-observação fora do tapetinho de yoga.
Integrando o trabalho de coaching tenho buscado trazer reflexões para meus alunos explorarem o autoestudo pautado na filosofia do yoga. Levar essas reflexões para a vida pode resultar numa transformação de hábitos, padrões mentais e um inesperado encontro com você mesmo. Aí é que a galera se apaixona mesmo pelo yoga!!
Quando vi pela primeira vez os yamas e niyamas achei que era impossível colocar tudo aquilo em prática...aí recebi um conselho e divido com vocês: escolhe um e foca nele! Como num efeito cascata os outros acabam sendo trabalhados, porque quando você começa a viver na ética, tudo vai se encaixando.
Então vamos começar pela não-violência? O primeiro item do código de ética do yoga é o Ahimsa. Traduzido do sânscrito como não-violência, aborda a violência não apenas física, mas também verbal e mental.
Pois é, não basta não matar ou não bater, espero que isso seja fácil de cumprir. Rs
Às vezes, no calor das discussões, ferimos os outros com palavras agressivas, ou somente com a entonação e aquele jeitinho “delicado” de falar. Pouco tempo depois ficamos com aquele aperto no peito de arrependimento, ahh se eu tivesse respirado e me acalmado...às vezes o peso da violência atinge mais aquele que realizou a ação do que o que recebeu a agressão.
Na prática de yoga podemos observar os momentos de aflição interna por não conseguir fazer determinada técnica, ou por não fazer como gostaríamos. Neste momento de aflição estamos nos agredindo mentalmente? Alimentar sentimentos de culpa e derrota é uma baita violência consigo mesmo.
Encarar nossas limitações com mais tolerância e otimismo é um ótimo treino de ahimsa! Acontece também de nos esforçarmos fisicamente mais do que deveríamos, e acabar com alguma sequela dessa violência física. Para isso devemos praticar ahimsa buscando equilíbrio entre aquele esforço desafiante e positivo, e o esforço exagerado, que está forçando seu corpo além dos limites saudáveis.

Podemos observar todas nossas atitudes sob a ótica do ahimsa. Como nos comportamos quando dirigimos? Quando estamos numa fila e com pressa? Como nos relacionamos com os animais e com a natureza? Buscar uma conexão com pensamentos positivos, nutrir um sentimento de ligação com tudo e todos à sua volta faz crescer a capacidade de amor próprio e ao próximo, e os sentimentos de compaixão e tolerância.
Parece difícil? A boa notícia é que é super possível, uma habilidade que pode ser conquistada com a repetição desse padrão comportamental através de um trabalho de autoconhecimento e auto-observação. Comece devagar, identificando algum pensamento ou atitude agressiva que quer modificar, mas não se culpe demais se encontrar mais do que gostaria, senão acaba voltando para a auto-agressão. Aceite-se como ser em evolução e mantenha-se firme no propósito de ser uma pessoa melhor. Se não puder fazer o bem, não faça o mal...mas se puder começar a fazer o bem pelo menos no nível dos pensamentos, já é um ótimo começo!